COVID-19
VACINAS

Entenda as vacinas bivalentes para a COVID-19!

Flávia Almeida

29/11/2022

Atualizado em01/12/2022

4 min
Entenda as vacinas bivalentes para a COVID-19!

As vacinas monovalentes de COVID-19 começaram a ser utilizadas em dezembro de 2020, com excelente efetividade, representando uma luz para o fim da pandemia.

No entanto, observou-se uma diminuição da efetividade com o surgimento das variantes do SARS-CoV-2, tanto contra infecção, como para hospitalização, especialmente com a Ômicron.


Variante Ômicron

A variante Ômicron, que surgiu em novembro de 2021, tem maior capacidade de evasão do sistema imune, em comparação com as variantes anteriores.

Em junho de 2022, a agência reguladora norte-americana (FDA) solicitou aos fabricantes o desenvolvimento de vacinas direcionadas especificamente para as subvariantes da Ômicron, BA.1 e BA.4/BA.5, com o objetivo de melhorar a resposta imune a estas variantes.

Nesse sentido, duas vacinas bivalentes modificadas contra a COVID-19 de plataforma de RNA mensageiro foram aprovadas para uso emergencial nos últimos dias pelas agências reguladoras norte-americana (Food and Drug Administration, FDA), europeia (European Medicines Agency, EMA) e britânica (Medicines and Healthcare products Regulatory Agency, MHRA).


Vacinas bivalentes da Moderna


Composição:

  • Vacina 1: 25mcg de RNA mensageiro com codificação para a proteína spike da subvariante Ômicron BA.1 + 25mcg com codificação para a proteína spike original do SARS-CoV-2;
  • Vacina 1: 25mcg de RNA mensageiro com codificação para a proteína spike da subvariante Ômicron BA.4/BA.5 + 25mcg com codificação para a proteína spike original do SARS-CoV-2.


Vacinas bivalentes da Pfizer-BioNTech


Composição:

  • Vacina 1: 15mcg de RNA mensageiro com codificação para a proteína spike da subvariante Ômicron BA.1 + 15mcg com codificação para a proteína spike original do SARS-CoV-2;
  • Vacina 1: 15mcg de RNA mensageiro com codificação para a proteína spike da subvariante Ômicron BA.4/BA.5 + 15mcg com codificação para a proteína spike original do SARS-CoV-2.


Quais os dados disponibilizados pelas empresas?

Os dados em humanos estão disponíveis apenas para a vacina bivalente direcionada para BA.1, e mostraram robusta imunogenicidade tanto para a cepa original quanto para BA.1. Também houve boa resposta de anticorpos para BA.4 e BA.5, embora inferior a BA.1.


Para a vacina direcionada para BA.4/BA.5, as empresas divulgaram dados de animais na reunião do FDA de junho. A Pfizer apresentou resultados preliminares em oito camundongos que receberam vacinas BA.4/BA.5 como terceira dose. Em comparação com os ratos que receberam a vacina original como reforço, os animais mostraram uma resposta aumentada para todas as variantes Omicron testadas: BA.1, BA.2, BA.2.12.1, BA.4 e BA.5.

O perfil de segurança das duas vacinas bivalentes se mostrou semelhante ao da vacina original, com eventos adversos principalmente de dor no local da aplicação e fadiga.


Por que as novas vacinas bivalentes ainda contêm a cepa ancestral do SARS-CoV-2?

Não está totalmente claro e não há uma razão biológica.

Nos estudos da Pfizer com ratos, uma vacina com a Ômicron apenas desencadeou uma resposta de anticorpo discretamente maior quando comparada à vacina bivalente. Dados ainda limitados, em humanos, não mostraram diferenças nas duas formulações.


Estudo da Universidade de Rochester, comparando várias vacinas com diferentes variantes, ressalta que a próxima variante a surgir pode ser mais intimamente relacionada com a linhagem ancestral do que com a Ômicron. Assim, a vacina bivalente poderia ser útil.


As vacinas específicas para as variantes terão uma melhor proteção?

Isso é difícil de prever. Depende do momento da circulação das variantes e do intervalo em que a vacina for aplicada, além da porcentagem da população já imune a uma infecção recente.


Um estudo pré-print utilizou modelo matemático para calcular o possível impacto das vacinas específicas para as variantes. Eles combinaram dados de oito ensaios clínicos que compararam vacinas com a cepa original versus vacinas específicas para variantes Beta, Delta e Omicron BA.1. A maior resposta de anticorpos neutralizantes ocorreu com a vacina original (aumento de 11x) comparado com as formuladas para variantes (aumento de 1,5x).


Precisamos realmente de reforços com as novas vacinas bivalentes?

O tema é controverso entre diversos pesquisadores.

Alguns cientistas acham que não, uma vez que as vacinas originais de COVID-19 ainda previnem desfechos graves. E se o objetivo for evitar infecção, as vacinas atualizadas também têm pouco impacto.

Por outro lado, a imunidade ampliada com as novas vacinas pode ser útil para o surgimento de novas variantes.


Como a vacina está sendo utilizada nos EUA?

A vacina aprovada e já em uso nos EUA e a vacina bivalente cepa original + Ômicron BA.4/BA.5.

Recomendada para dose de reforço para ≥ 5 anos de idade, administrada ≥ 2 meses após a conclusão da série primária ou após a dose de reforço monovalente.


Como está a aprovação no Brasil?

A Anvisa aprovou, em 22/11/22, o uso temporário e emergencial de duas vacinas de Covid-19 bivalentes (Bivalente BA1 e Bivalente BA4/BA5) da Pfizer, como dose de reforço na população a partir de 12 anos. 

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil deve contar com os primeiros lotes da vacina bivalente de Covid-19 já no início de dezembro.


Leituras recomendadas

Ministério da Saúde. ANVISA. USO EMERGENCIAL. Anvisa aprova vacinas bivalentes para dose de reforço contra Covid-19. https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2022/anvisa-aprova-vacinas-bivalentes-para-dose-de-reforco-contra-covid-19

Ministério da Saúde. REFORÇO NA IMUNIZAÇÃO. Primeiras doses da vacina bivalente Covid-19 devem chegar ao Brasil no começo de dezembro. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/novembro/primeiras-doses-da-vacina-bivalente-covid-19-devem-chegar-ao-brasil-no-comeco-de-dezembro


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Referências

Interim Recommendations from the Advisory Committee on Immunization Practices for the Use of Bivalent Booster Doses of COVID-19 Vaccines — United States, October 2022

Hannah G. Rosenblum, Megan Wallace, Monica Godfrey, Lauren E. Roper, Elisha Hall, Katherine E. Fleming-Dutra, Ruth Link-Gelles, Tamara Pilishvili, Jennifer Williams, Danielle L. Moulia, Oliver Brooks, H. Keipp Talbot, Grace M. Lee, Beth P. Bell, Matthew F. Daley, Sarah Meyer, Sara E. Oliver, Evelyn Twentyman — Publicado em 11/12/2022MMWR. Morbidity and Mortality Weekly Report

DOI: 

10.15585/mmwr.mm7145a2

Flávia Almeida

Infectologia

CRM: 91434-SP

Médica formada pela Universidade de Mogi das Cruzes, com residência em Pediatria e Infectologia Pediátrica pela Santa Casa de São Paulo, doutorado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Professora assistente de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Médica assistente da Infectologia Pediátrica do Departamento de Pediatria da Santa Casa de São Paulo.

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