Flávia Almeida
Atualizado em01/12/2022
As vacinas monovalentes de COVID-19 começaram a ser utilizadas em dezembro de 2020, com excelente efetividade, representando uma luz para o fim da pandemia.
No entanto, observou-se uma diminuição da efetividade com o surgimento das variantes do SARS-CoV-2, tanto contra infecção, como para hospitalização, especialmente com a Ômicron.
A variante Ômicron, que surgiu em novembro de 2021, tem maior capacidade de evasão do sistema imune, em comparação com as variantes anteriores.
Em junho de 2022, a agência reguladora norte-americana (FDA) solicitou aos fabricantes o desenvolvimento de vacinas direcionadas especificamente para as subvariantes da Ômicron, BA.1 e BA.4/BA.5, com o objetivo de melhorar a resposta imune a estas variantes.
Nesse sentido, duas vacinas bivalentes modificadas contra a COVID-19 de plataforma de RNA mensageiro foram aprovadas para uso emergencial nos últimos dias pelas agências reguladoras norte-americana (Food and Drug Administration, FDA), europeia (European Medicines Agency, EMA) e britânica (Medicines and Healthcare products Regulatory Agency, MHRA).
Os dados em humanos estão disponíveis apenas para a vacina bivalente direcionada para BA.1, e mostraram robusta imunogenicidade tanto para a cepa original quanto para BA.1. Também houve boa resposta de anticorpos para BA.4 e BA.5, embora inferior a BA.1.
Para a vacina direcionada para BA.4/BA.5, as empresas divulgaram dados de animais na reunião do FDA de junho. A Pfizer apresentou resultados preliminares em oito camundongos que receberam vacinas BA.4/BA.5 como terceira dose. Em comparação com os ratos que receberam a vacina original como reforço, os animais mostraram uma resposta aumentada para todas as variantes Omicron testadas: BA.1, BA.2, BA.2.12.1, BA.4 e BA.5.
O perfil de segurança das duas vacinas bivalentes se mostrou semelhante ao da vacina original, com eventos adversos principalmente de dor no local da aplicação e fadiga.
Não está totalmente claro e não há uma razão biológica.
Nos estudos da Pfizer com ratos, uma vacina com a Ômicron apenas desencadeou uma resposta de anticorpo discretamente maior quando comparada à vacina bivalente. Dados ainda limitados, em humanos, não mostraram diferenças nas duas formulações.
Estudo da Universidade de Rochester, comparando várias vacinas com diferentes variantes, ressalta que a próxima variante a surgir pode ser mais intimamente relacionada com a linhagem ancestral do que com a Ômicron. Assim, a vacina bivalente poderia ser útil.
Isso é difícil de prever. Depende do momento da circulação das variantes e do intervalo em que a vacina for aplicada, além da porcentagem da população já imune a uma infecção recente.
Um estudo pré-print utilizou modelo matemático para calcular o possível impacto das vacinas específicas para as variantes. Eles combinaram dados de oito ensaios clínicos que compararam vacinas com a cepa original versus vacinas específicas para variantes Beta, Delta e Omicron BA.1. A maior resposta de anticorpos neutralizantes ocorreu com a vacina original (aumento de 11x) comparado com as formuladas para variantes (aumento de 1,5x).
O tema é controverso entre diversos pesquisadores.
Alguns cientistas acham que não, uma vez que as vacinas originais de COVID-19 ainda previnem desfechos graves. E se o objetivo for evitar infecção, as vacinas atualizadas também têm pouco impacto.
Por outro lado, a imunidade ampliada com as novas vacinas pode ser útil para o surgimento de novas variantes.
A vacina aprovada e já em uso nos EUA e a vacina bivalente cepa original + Ômicron BA.4/BA.5.
Recomendada para dose de reforço para ≥ 5 anos de idade, administrada ≥ 2 meses após a conclusão da série primária ou após a dose de reforço monovalente.
A Anvisa aprovou, em 22/11/22, o uso temporário e emergencial de duas vacinas de Covid-19 bivalentes (Bivalente BA1 e Bivalente BA4/BA5) da Pfizer, como dose de reforço na população a partir de 12 anos.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil deve contar com os primeiros lotes da vacina bivalente de Covid-19 já no início de dezembro.
Ministério da Saúde. ANVISA. USO EMERGENCIAL. Anvisa aprova vacinas bivalentes para dose de reforço contra Covid-19. https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2022/anvisa-aprova-vacinas-bivalentes-para-dose-de-reforco-contra-covid-19
Ministério da Saúde. REFORÇO NA IMUNIZAÇÃO. Primeiras doses da vacina bivalente Covid-19 devem chegar ao Brasil no começo de dezembro. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/novembro/primeiras-doses-da-vacina-bivalente-covid-19-devem-chegar-ao-brasil-no-comeco-de-dezembro
Hannah G. Rosenblum, Megan Wallace, Monica Godfrey, Lauren E. Roper, Elisha Hall, Katherine E. Fleming-Dutra, Ruth Link-Gelles, Tamara Pilishvili, Jennifer Williams, Danielle L. Moulia, Oliver Brooks, H. Keipp Talbot, Grace M. Lee, Beth P. Bell, Matthew F. Daley, Sarah Meyer, Sara E. Oliver, Evelyn Twentyman — Publicado em 11/12/2022 — MMWR. Morbidity and Mortality Weekly Report
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